Sobre a Vigília

E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar. Lucas 9:28
 
Introdução

Quantos de nós cristãos, não adentramos, em algum momento, mata a dentro para orar com os irmãos. O que nós chamamos de “vigília”. Ainda que muitos participantes de vigílias não saibam o propósito, nem o motivo pelo qual estão lá, não deixa de comparecer. Mas não é bom estar em uma vigília sem saber o que é ou algo a mais do que isso. O propósito desse estudo é compreender melhor esse negócio e fazer vigília corretamente.

1.      A vigília dos Judeus

Vigília é um termo usado por nós, cristãos contemporâneos, para designar um tipo de culto realizado no período da noite ou madrugada, em uma mata ou até mesmo em uma igreja. Mas porque essa ação leva esse nome?

O dia de 24 horas dos judeus, não era dividido como o nosso, o calendário dos judeus, era o calendário lunar, muito impreciso, a ponto de ter que ser ajustado todo o ano, diferente do nosso, o calendário solar. O período da noite, os judeus dividiam em três partes, e cada parte recebia um nome, para distinção. A primeira, ‘princípio das vigílias’ (Lm 2.19), ia desde o sol posto até às 10 horas da noite; a segunda, ‘a vigília média’ ou da meia-noite (Jz 7.19), principiava às 10 horas da noite e prolongava-se até às duas horas da madrugada; e a terceira, a ‘vigília da manhã’ (1 Sm 11.11), desde as duas horas da manhã até ao nascer do sol. Mas com a influencia dos romanos no judaísmo a noite passou a ser dividida, em quatro vigílias (desde as 6 horas da tarde às 6 horas da manhã), de três horas cada uma (Mt 14.25 – Lc 12.38). Em S. Marcos (13.35), as quatro vigílias são designadas pelo nome especial de cada uma. Para resumir em uma compreensão melhor, a vigília dos Judeus eram 3, de 4 em 4 horas das 18:00 as 6:00, mas mudou para o costume romano que era 4, de 3 em 3 horas das 18:00 as 6:00.

Mas porque o nome, “vigília”? Este nome se deu a tarefa que era designada ao guarda, sentinelas que ficavam em lugares altos vigiando a cidade, trabalhando como um atalaia, caso aparece uma invasão, deveria avisar a cidade do ocorrido, daí o nome vigília, pois ficavam vigiando. Assim, nós acabamos por adotar esse nome em nossas orações da noite ou madrugada, pois Jesus orava dentro de uma dessas quatro vigílias, por vezes no monte, um lugar naturalmente verde.

2.      Porque Pedro Tiago e João?

No texto acima exposto, de Lc 9:28, vemos que Jesus tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar. Isso não se vê somente neste verso, em outras partes também podemos encontrá-los, em ocasiões em que o mestre os selecionam. A verdade é que Pedro Tiago e João, sempre estiveram um passo a frente dos demais apóstolos.

Condição espiritual

Uma das coisas que se destacam neles é a condição espiritual. Quando Jesus foi para a casa de Jairo, chefe da sinagoga, se encontrar com a menina enferma, muita gente foi com ele, mas chegando lá, estando ela já morta, entrou em sua casa, mas de seus discípulo e apóstolos, somente três entraram, a saber; Pedro, Tiago, e João.

E, entrando em casa, a ninguém deixou entrar, senão a Pedro, e a Tiago, e a João, e ao pai e a mãe da menina. Lucas 8:51

Em Mt 9:24, Jesus disse que a menina apenas dormia, mas todos riram dele, fica fácil perceber que a fé dos que estavam lá não era das melhores, mas Pedro, Tiago, e João não cometeram o mesmo delito, por isso somente eles dos discípulos foram permitidos a entrar com o mestre.

Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. Mateus 17:1-3

Um acontecimento histórico, Moisés que viveu aproximadamente no ano 1550 a.C, e Elias que viveu aproximadamente no ano 850 a.C, reunidos com Jesus, conversando, onde Pedro, Tiago e João presenciaram, e foi algo tão excepcional, a ponto de Pedro, querer erigir três tabernáculos, um para Moisés, outro para Elias, e outro para Jesus. E o fato de Jesus escolher apenas os três apóstolos para ter essa experiência, era que eles eram os único entre os demais, que espiritualmente estavam condicionados. Quanto mais espirituais, mais experiências teremos com Deus.

Proximidade

A proximidade que os três tinham do mestre, era muito intima, eram os discípulos mais próximos dele, não eram os favoritos, mas os mais próximos, e isso não era decisão dele, mas dos três, que queriam se aproximar dele.

E, assentando-se ele no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, e Tiago, e João e André lhe perguntaram em particular. Marcos 13:3

No Monte das Oliveiras, estavam muitas pessoas, era uma grande multidão, mas Pedro, Tiago, João, e nesse caso vemos André, arrumaram um jeito de perguntar algo em particular a Jesus. Se no meio de uma multidão eles conseguiram falar em particular, isso é porque estavam fisicamente, mais próximos de Jesus. A proximidade garantia a eles coisas que aos outros eram privadas, como o estar na vigília por exemplo. Por isso somente Pedro, Tiago e João, eram chamados pelo mestre.

3.      Porque Jesus ia à vigília?

a-      Para se retirar

A sua fama, porém, se propagava ainda mais, e ajuntava-se muita gente para o ouvir e para ser por ele curada das suas enfermidades. Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava. Lucas 5:15-16

Esse é um dos principais motivos pelo qual Jesus ia para a vigília, para se retirar. Jesus era muito famoso em sua época. As pessoas procuravam estar sempre por perto dele, para ver os milagres, receber, ouvir a mensagem e etc. E como Jesus homem conseguiria viver sempre assim? Então ele se retirava, ou para os montes ou para os Desertos, e ali orava.

b-     Para receber dádivas?

Não, Jesus não ia para isso, mas nós, cristãos da atualidade, erroneamente, pensamos que vigília existe para isso. Não é pecado fazer campanhas em vigílias, mas é errado usar a vigília para um interesse desvinculado a espiritualidade, alimentando a ganância, avareza o egoísmo e etc. Vigília funciona para aumentarmos a nossa proximidade com Deus, e não para adquirirmos presentes. Tiago escreveu dizendo: Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Tiago 4:8
c-      Para orar?
A oração não pode se limitar a lugar, ela não funciona somente na igreja, ou somente em casa, ou somente na vigília; mas em qualquer lugar. Então Jesus não ia ao monte, durante a vigília, simplesmente para orar, pois orar pode ser feito em qualquer lugar, mas como está no tópico (a), para se retirar. Se orarmos apenas na vigília, estamos deficientes, a oração não se restringe a lugar, mas as condições espirituais do Cristão. Paulo escrevendo aos irmão de Tessalônica, não determina um lugar para orar, mas diz: Orai sem cessar. 1 Tessalonicenses 5:17
d-     Para evangelizar?

Errado! Erramos por não conhecer as escrituras. Vigília não serve para evangelismo, lugar de evangelismo é nas visitas, na igreja, vigília é para buscar avivamento, e avivamento não serve para nada para alguém que não é cristão ou novo convertido, essa classe precisa de evangelismo e de discipulado, no caso dos neófitos, nunca em toda a bíblia nos vemos Jesus levar Judas Escariotes na vigília, nunca; mas somente que estava bem espiritualmente. Devemos ir para buscar avivamento, e o que é avivamento? Vamos para Habacuque.

Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia. Habacuque 3:2

Avivar no hebraico é haya; conservar, restaurar. Quando o profeta diz “aviva tua obra”, ele está dizendo, “conserva aquilo que já vem sendo feito por ti”, toda a obra, dês da chamada de Abrão, da peregrinação do povo no deserto e tudo mais. Habacuque pede para que isso seja conservado, isso é avivamento, não é pular na igreja, gritar, dançar falar em línguas, profetizar e etc., mas conservar o que existe. Ir para a vigília é buscar avivamento, ou seja, conservar o que já existe que é a santidade, intimidade, proximidade com Deus. O descrente e o neófito não precisa de vigília, pois eles vão conservar o que? Não tem nada neles ainda para serem conservados, por isso precisam de evangelho, discipulado, igreja.

Conclusão

Muitas coisas poderia se dizer sobre vigília, mas a intenção é entender de onde e como surgiu, e como deve ser as nossas vigílias de hoje. Jesus sempre orou nos montes, nas vigílias; há quem diz que hoje não podemos orar em vigílias, são pessoas que não tem conhecimento bíblico, e nem deveriam ter oportunidades para falar em microfones. Vigília é totalmente bíblica, o que temos que fazer, talvez seja alguns ajustes para que possamos de fato se aproximar cada vez mais de Deus.

Claudio Martins


Sobre a Vigília Sobre a Vigília Reviewed by Claudio Martins on outubro 14, 2014 Rating: 5

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