Uma Atitude Extraordinária

Introdução
 
Ordinário, coisa que segue a uma determinada ordem; é assim que tem se tornado nosso culto a Deus. Cultuar é se relacionar com o Senhor, uma relação que não agrada somente um, mas ambos. Eu tenho que ter prazer, se agradar com o culto que eu ofereço, para que Deus também se agrade, e como ele não é egoísta, nunca acontecerá que ele se agrade e eu não. Um culto ordinário pode até não desagradar a Deus, mas para de fato agradá-lo e fazer com que ele tenha a mesma reação que teve com os mil sacrifícios do culto de Salomão, o nosso culto tem que ser extraordinário; que é o mesmo que sensacional, fora do comum, adicional, suplementar, admirável, espantoso, grandioso. Em Lc 8:43, vemos uma mulher que tocou em Jesus de uma maneira extraordinária, enquanto que todos o tocavam ordinariamente, sem valor, e isso fez uma diferença muito grande em sua vida. Quer-se que aconteça algo extraordinário em nossas vidas, devemos sair do culto ordinário e viver o extraordinário.

             1. Rompendo barreiras

Certo homem chamado Simão, um dos fariseus (Lc 7:36), convidou a Jesus que comesse com ele; e Jesus aceitando e entrando na casa do fariseu, assentou-se à mesa.
Uma mulher da cidade, uma pecadora, provavelmente prostituta, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento. E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o unguento.

Este texto a que se refere de Lucas 7, não pode ser confundido com Mt 26:6-13; Mc 14:3-9 e Jo 12:1-8, pois lá, se trata de um incidente ocorrido em Betânia, na Judéia, durante a última semana de vida de Jesus. E o que chama a atenção, é o atrevimento da mulher de entrar em uma reunião de mestres, sendo ela tão desprezível não somente pela sociedade, como também pelo anfitrião, dono da casa, que por sua vez era um fariseu, que obviamente levava muito a sério a lei, principalmente a que a condenava, com direito.

Mas a mulher não se reprimiu diante disso, e mesmo tendo isso como barreira, rompeu-a, como fez a mulher do fluxo de sangue, que por lei, não podia tocar em ninguém, e nem mesmo estar dentro da cidade principalmente no meio de uma multidão. Mas é justamente isso que é um culto extraordinário, um culto que rompe barreiras, e que toca ao Senhor.

2.      Um culto extraordinário

Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora.
E respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre. Um certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinquenta. E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais? E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem. (Lc 7:39-43)

O que Simão não sabia, é que ele tinha assinado sua própria sentença, pois a parábola de Jesus, se referia ao acontecimento presente, sendo que o credor simbolizava Deus, o devedor de quinhentos, a mulher, e o devedor de cinquenta, o fariseu. Quando Jesus pergunta quem mais amou, e Simão responde que é o devedor de quinhentos, ele está automaticamente dizendo que o seu convite e hospitalidade ao mestre, não é nada comparado à atitude da mulher, que a sendo mais devedora, cultuou extraordinariamente pelo amor que sentia por Cristo. Um toque diferente, um culto extraordinário, jamais passará imperceptivelmente por Deus. Ele reconhece o que há dentro de cada um de nós, principalmente quando estamos na igreja. Muitos entram nos cultos, mas os cultos nem se quer existem dentro deles, é meramente um culto ordinário, formal, litúrgico, ritualista, sem o toque diferente que existiu da parte da mulher do fluxo de sangue.

3.      Uma humilhação extraordinária

E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos de sua cabeça. (Lc 7:44)

A maioria das ruas da época não era como as nossas, os carros eram puxado por animais, os calçados eram sandálias abertas feitas de couro de vaca, sendo assim, sujar os pés com algum excremento de animal e até mesmo terra, era comum, e como costume, quando uma visita chegava, um escravo da casa era incumbido de lavar os pés do convidado, o que não aconteceu com Jesus. Simão não lhe prestou a mais comum hospitalidade, diferente da mulher, que fazia não com uma simples água, mas com suas lágrimas, sem falar que os enxugava com seus cabelos, o que Paulo, em 2 Co 11:15, diz que o cabelo é a glória da mulher, e esta mulher, estava agora jogando toda a sua honra, de diante do Senhor.

Atitudes come essa, falta em nossas igrejas, atitudes como essa, faltam da nossa parte, não queremos nos derramar diante de Deus, achamos desnecessário, prezamos mais a nossa postura do que o adorar a Deus. Preferimos oferecer a Deus um culto de fariseu, a um culto da prostituta de nossa leitura.

4.      Um reconhecimento extraordinário

Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. (Lc 7:45)

A bíblia destaca três ministérios primordiais, sacerdote, profeta e rei. O osculo era costume, Paulo em sua carta a Corinto diz: “Saúdem uns aos outros com beijo (ósculo), santo" (2Co 13:12). Salomão em Pv 29:1 diz que o homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja cura. Cerviz se refere à coluna cervical, mais precisamente a parte posterior do pescoço, a nuca, dura cerviz na bíblia, é sinônimo de quem não se encurva, não se prostra, o ósculo santo, era uma maneira de abaixar a cerviz, e assim ambos os participantes do osculo, ficavam da mesma altura, isso era muito praticado entre os sacerdotes, uma atitude de reconhecimento de que ambos são da mesma altura diante de Deus. Simão nem mesmo com uma saudação simples e costumeira, recebeu o mestre, não o reconhecendo com o sacerdote santo, já que Jesus também era da tribo de Levi por parte de sua mãe Maria. Simão continuou em sua postura, talvez se julgando maior que Jesus. Uma coisa que infelizmente existe dentro de nós. João batista disse: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30). Quando o homem aparece, é impossível enxergar Deus, mas quando o homem desaparece, Deus se faz presente e algo grandioso acontece.
  

             5. Um valor extraordinário

Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento. (Lc 7:46)

Quando um rabino (mestre), ou sábio entrava na casa de alguém, por costume, ungia-o com azeite de oliva cru. Ungia a testa, a ponta da orelha direita, o polegar da Mao direita e o polegar do pé direito. Isso era o reconhecimento de que alguém ungido entrava no lugar. Simão o fariseu, nem mesmo reconheceu a unção rabínica de Jesus, mas a mulher sim, e ela não o ungiu com azeite barato de oliva cru, mas com balsamo, um unguento que valia sete vezes mais que o azeite de oliva. E não com gotas, mas com uma vaso, um jarro, ou melhor, dizendo, um frasco de gargalo comprido feito delicadamente de um material translúcido usado para guardar perfumes. Um frasco como esse, valia até 300 denários, e cada denário era a paga de um dia de trabalho de um lavrador.

A mulher não olhou para o valor material, e derramou do unguento sobre os pés do mestre, sabendo que o maior valor estava na sua atitude, que o maior valor viria do reconhecimento do Senhor. Às vezes paramos para apreciar o que temos e se esquecemos do que somos. Ela tinha um grande valor em mãos, mas sabia que era pecadora, e que o que tinha não era nada se comparado ao que precisava que era agradar o mestre, cultua-lo extraordinariamente.

Conclusão

Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados. E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa pecados? E disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz. (Lc 7:47-49)

A mulher não conseguiu somente a atenção e aprovação do Senhor, mas o perdão de seus pecados, diferente de Bartimeu, que precisava da cura de sua cegueira, diferente da mulher de Lc 8:43, que precisava da cura do fluxo de sangue, ela precisava ser aliviada do peso de sua culpa, da prisão de seus pecados, e foi isso que Jesus trouxe a ela. Não importa qual seja a nossa necessidade, tudo podemos alcançar em cristo se nossas atitudes forem extraordinárias.

Claudio Martins
Uma Atitude Extraordinária Uma Atitude Extraordinária Reviewed by Claudio Martins on outubro 13, 2014 Rating: 5

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